Maquiadora jamaicana fala sobre sua passagem pelo Brasil e dá dicas
RICARDO TOSCANI
A jamaicana Nadine Luke tinha 18 anos quando foi chamada pelo chefe do banco onde trabalhava (em Toronto, no Canadá) para ouvir que a empresa estava fazendo cortes e ela estava na lista de demitidos. Um dos motivos? Seu estilo (leia-se: cabelo e maquiagem), que não combinava com o ambiente corporativo. “Fui afogar as mágoas na loja da MAC e vi que estavam contratando vendedores. Logo depois, já estava trabalhando lá”, conta a maquiadora que hoje, 22 anos depois, é diretora artística da marca canadense.
Nadine esteve em São Paulo durante o SPFW, onde assinou o make de seis marcas: Ellus, Gloria Coelho, Iódice, Osklen, Reinaldo Lourneço e Rosa Chá. Superestilosa e com uma pele linda (e pouco maquiada!), ela contou ao MODASPOT que costumava matar aula para ir à loja da MAC e mostrou para a reportagem o seu minúsculo nécessaire – sim, você leu certo, minúsculo!
Pat McGrath (uma das maquiadoras mais importantes do mundo atualmente) conta que desenvolveu seu conhecimento sobre maquiagem ainda adolescente, pois precisava misturar vários produtos para chegar a tons que combinassem com a sua pele. Você acha que hoje em dia é mais fácil encontrar produtos para a pele negra?
Realmente, antes isso era um problema. Por isso, como consumidora, sempre gostei da MAC. É uma das poucas marcas que tem uma gama enorme de tons, que vai do mais claro ao mais escuro, passando por todas as nuances.
O make nude apareceu em muitos desfiles, por onde andam as cores fortes que sempre fazem sucesso no verão?
A maquiagem básica tem aparecido em muitos desfiles, mas eu acredito em um verão cheio de cores, isso porque eu acho que boa parte das tendências de beleza surgem nos palcos hoje em dia, e as cantoras estão ousando mais e inventando makes e cabelos superdiferentes. Elas têm o aval para fazer isso e, em menor escala, o restante das mulheres também.
Na sua opinião, quais cores ficam bem em peles escuras?
O laranja é o melhor. Levo sempre uma sombra laranja comigo, que uso nos olhos, mas também uso como blush. Um blush rosa, por exemplo, não fica tão natural.
O que mais você carrega no nécessaire?
Por incrível que pareça, levo pouca coisa. Olha como é pequena [confira na foto abaixo]! Levo só o básico: pó, corretivo, lápis para os olhos [marrom e preto] e gloss.
Além de trabalhar no SPFW, você teve tempo de fazer mais alguma coisa em São Paulo?
Consegui jantar um dia no Skye, do hotel Unique. Uma pena que estava frio, porque a parte externa é linda. Aliás, nunca pensei que passaria frio no Brasil. Fiz a mala errada, só com roupas leves. Mas, mesmo congelando, aproveitei para tomar sol na piscina do hotel onde estou hospedada (o Hyatt), e até consegui uma cor [diz mostrando a marca do biquíni]!
Como você cuida do seu cabelo? Ele dá muito trabalho?
Não, pelo contrário. Uso ele assim há anos e só preciso refazer os dreads uma vez por semana. Separo o domingo para lavar e torcer todos, o que demora mais ou menos duas horas. Pode parecer muito, mas é melhor do que se desesperar e ter que sair correndo toda vez que vai chover [risos]. Uso óleo de castor da Jamaica para mantê-los assim, essa é uma boa dica para quem tem dreads, você consegue comprar nos Estados Unidos ou em qualquer Sephora.
Você conseguiu assistir a algum desfile?
Sim, e adorei tudo! Já conhecia algumas marcas, porque sempre que vejo uma modelo bem vestida em Milão ou Paris, pergunto de onde é a roupa que ela está usando e sempre ouço: “sou do Brasil, é de uma marca de lá”. Não tive tempo para fazer compras, mas estou levando uma peça para casa [ela tira uma capa de Reinaldo Lourenço da mala e veste]. Estava no showroom do Reinaldo fazendo o teste de maquiagem quando a vi, eu disse que pagaria qualquer preço, mas eles não podiam vender. No final, acabei ganhando. Não é linda? Me sinto uma super-heroína com ela.
RICARDO TOSCANI
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